Telefone sem fio/estragado: um balanço

 

Buscando produzir uma ação que interrompa (simbólica e factualmente) os elos da transmissão parafrástica dos lugares comuns da historiografia modernista, o Grupo de Estudos da Deriva realizou nos dias 17 e 18 de maio, no Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, um jogo de telefone sem fio/estragado com “O Movimento Modernista”, conferência de Mário de Andrade proferida em 1942 e base da história monumental do modernismo paulista/brasileiro (ver post anterior neste site).

Como o Grupo já tinha atestado em ação prévia, o logos não é facilmente desmobilizável – seja embaralhando um texto, como já foi tentado (https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v1i26p190-209), seja transmitindo-o num circuito pensado para o deturpar, como foi o caso agora. À questão do logocentrismo, somam-se também questões de ordem tecnológica, e os resultados obtidos foram variáveis, desde trechos pouco alterados no fim da cadeia de transmissão telemática-sussurrante até trechos com sentido bastante deturpado. O texto final completo será publicado em momento oportuno. Continue reading

O Movimento Modernista, telefone sem fio/telefone estragado

Sala do Instituto de Estudos Brasileiros/Universidade de Coimbra
17 e 18 de maio/2022
a partir de 12:30 (PT), 8:30 (BR)
Streaming ao vivo:
https://bit.ly/3yI5aso

Proposição

“O Movimento Modernista”, conferência proferida por Mário de Andrade em 1942 e publicada em livro no mesmo ano (depois reunida em Aspectos da literatura brasileira), forma e informa o que se entende por “modernismo brasileiro”, constituindo mesmo a doxa da modernidade artística e literária do início do século XX no Brasil. É possível dizer que se trata de peça-chave da história, da historiografia, da mitologia e da mitografia do modernismo brasileiro. Além disso, o texto organiza um conjunto de critérios, já originalmente normativos, para a criação e avaliação de uma cultura nacional (com pretensão universalista). Sem que o texto seja explicitamente referido, seus argumentos principais estão sempre presentes tanto em manuais e em discursos normalizadores a respeito do modernismo brasileiro quanto em discursos críticos de reavaliação. Aliás, o texto inaugura a prática (apenas aparentemente paradoxal) da comemoração triunfalista do modernismo por meio de sua reavaliação crítica, o que pode ser observado agora em curso durante as celebrações do centenário da Semana de Arte Moderna. O propósito desta performance é substituir esse jogo de cartas marcadas por um outro jogo. Um que faça com que o texto continue sendo repetido, mas agora com ruídos e deturpações. A ideia é instaurar artificialmente uma situação na qual o texto circule à deriva, em contraposição à sua normalização parafrástica. Inspirando-se em um dos Jogos de arte de Regina Silveira da década de 1970 (mais precisamente a ação Jogo do segredo – alterações em definições de arte, realizada em 1977 no MAC/USP), propõe-se um jogo de telefone sem fio com o texto integral da conferência de Mário.

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“des/empenho”: performance por Marcelo Moreschi

MM

No âmbito das atividades paralelas à estadia de Nuno Ramos em Coimbra, Marcelo Moreschi, Professor na UNIFESP e perfomer, que participará no colóquio “Nuno Ramos e a experiência dos limites”, fará, no dia 27, pelas 16h, no Laboratório de Curadoria do Colégio das Artes, uma performance intitulada des/empenho: 7 definições de performance.

Eis a descrição da performance:

Organizada em fragmentos numerados de textos e imagens, próprios e desviados, des/empenho: 7 definições de performance é uma palestra-performance a respeito da arte da performance que explora a polissemia dos termos “empenho” e “desempenho”. A prática será abordada a partir de noções tais como: transferência, subjetivação voluntária, autoexposição radical, êxodo para o campo aberto, mixigne, limite arte-vida, jogo da guerra e lacração. Ao longo da apresentação do texto coreografado, sete definições conflitantes de performance serão apresentadas com o auxílio de objetos, cartazes e meu sintoma minha vida.

Texto e performance: Marcelo Moreschi (professor de teoria literária e literatura brasileira na Unifesp, coordenador do Grupo de Estudos da Deriva)

Direção e coreografia: Juliana Moraes (professora de dança na Unicamp, bailarina, coreógrafa e diretora.)

O cartaz, da autoria de Marcelo Moreschi, pode ser visto aqui.