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Aula-aberta por Eduardo Sterzi: “A Pele das Palavras e o Fantasma da Poesia: a dimensão monstruosa do poema”

Novembro 19, 2018 @ 15:00 - 18:00

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Um momento decisivo para a história da poesia brasileira moderna e contemporânea é aquele em que os poetas concretos, depois de anos de progressiva racionalização e geometrização das formas, alcançaram um limite a partir do qual, sob a pressão do real, se viram como que forçados a absorver o informe nos seus poemas. Uma interpretação fácil deste momento nos levaria a identificar as origens de tal distensão na necessidade de responder criativamente à dissidência neoconcretista assim como no encontro com a Tropicália. Porém, para se contar essa história, talvez seja preciso recuar um pouco mais. Há toda uma dimensão do toque e do contato – mas também do choque e do impacto – que as estéticas e poéticas convencionais costumam deixar de lado. A subjetividade incorpórea e despojada de experiência daí resultante fez uma de suas últimas grandes aparições no auge geometrizante e combinatório da poesia concreta. Contudo, o corpo sempre volta. Esta constatação está na base do uso que um Haroldo de Campos já tardio fará de uma frase luminosa de Marx, da qual extraiu o título de um de seus livros de poemas: «A educação dos cinco sentidos é trabalho de toda a história universal até agora». Porém, muito antes desse livro de 1985, o corpo com seus cinco sentidos já fizera seu regresso triunfal nas obras de Haroldo e dos outros concretistas – assim como, sobretudo, nas daqueles que com eles aprenderam. É principalmente a incorporação (ou, mais exatamente, reincorporação) da escrita à mão à prática textual de concretistas e pós-concretistas que marcará uma virada crucial. Essa reemergência da mão se fará acompanhar, não por acaso, de um questionamento intenso, sobretudo porque interno à prática artística, da própria categoria poesia.

Eduardo Sterzi é professor de Teoria Literária no Instituto de Estudos da Linguagem da UNICAMP. É autor de Prosa (poesia, 2001), Por que ler Dante (ensaio, 2008), A prova dos nove (ensaio, 2008), Aleijão (poesia, 2009), Cavalo sopa martelo (teatro, 2011) e Maus poemas (2016), além de ter organizado o livro Do céu do futuro: cinco ensaios sobre Augusto de Campos (2006). Em 2015, foi um dos curadores, com Veronica Stigger, da exposição Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo, no SESC Ipiranga.

Cartaz de Ana Sabino

Detalhes

Data:
Novembro 19, 2018
Hora:
15:00 - 18:00
Evento Categoria:

Organizador

IEB, Materialidades da Literatura, Salão Brazil, Serviço Educativo JACC

Local

Sala do Instituto de Estudos Brasileiros
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Largo da Porta Férrea
Coimbra, 3004-530 Portugal
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