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Conferência, por Paulo Franchetti: “A Poesia Concreta e a questão da técnica”
Maio 19, 2016 @ 11:00 - 13:00

Paulo Franchetti é Professor colaborador titular de Teoria da Literatura na Unicamp, autor de vários estudos sobre cultura e literatura brasileira e portuguesa dos séculos XIX e XX. Publicou, entre outros livros, no Brasil, Alguns Aspectos da Teoria da Poesia Concreta, Haikai: Antologia e História e Nostalgia, Exílio e Melancolia: Leituras de Camilo Pessanha. Em Portugal, uma edição crítica da Clepsydra, de Camilo Pessanha, e a antologia As aves que aqui gorjeiam: a poesia do Romantismo ao Simbolismo.
Poesia Concreta, mais que uma denominação de um tipo de poema, é o nome de um movimento de ideias que ocupou a segunda metade do século XX no Brasil.
Por meio de intenso debate teórico, de manifestos nos quais predominava a questão do verso e sua adequação ao presente dominado pela tecnologia e pelos novos meios de comunicação de massa, de uma intensa atividade de tradução e de uma crítica combativa, na qual se propunha uma leitura da tradição ocidental que não só justificava, mas conduzia necessariamente ao projeto concretista, a Poesia Concreta se impôs como um dos centros de força da cultura brasileira.
Uma das proposições centrais do projeto concretista era a de que a poesia condizente com o momento do segundo Pós-Guerra tinha de nascer da convergência de dois vetores de desenvolvimento técnico: a técnica poética propriamente dita, consolidada na evolução da poesia erudita em direção à modernidade, e a técnica de origem científica, consubstanciada na tecnologia da computação e presente nos novos meios de comunicação de massa.
Outro ponto decisivo para a articulação do seu discurso é a questão do público disponível para a poesia, especialmente essa, que exigia novo e amplo repertório, uma vez que propunha a difícil conjunção de erudição e tecnologia de ponta (como aplicação ou referência).
Nesta conferência o objetivo é, partindo de uma exposição breve do projeto concretista, refletir sobre a articulação desses dois pontos, com base na produção de Augusto de Campos, pois foi ele que, dentre os poetas concretos, mais persistentemente veio explorando as novas linguagens e tecnologias – com destaque para a computacional.
Conferência integrada nas atividades do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura