Age de Carvalho no IEB

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O poeta e designer gráfico brasileiro Age de Carvalho, que reside há cerca de 30 anos em Viena (Áustria), estará nos dias 18 e 19 de abril no Instituto de Estudos Brasileiros de Coimbra para fazer uma leitura de poemas seus e para prestar um depoimento sobre o seu companheiro de aventuras literárias em Belém do Pará, Max Martins. Lembramos que a recente edição da obra de Max Martins, pela editora da Universidade Federal do Pará, uma edição exemplar do ponto de vista gráfico e filológico, é da responsabilidade de Age de Carvalho.

Iremos dando informações sobre a visita do poeta a Coimbra. A visita de Age de Carvalho é apoiada pelo Centro de Literatura Portuguesa e pelo Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas da FLUC.

Rosângela Rennó no IEB

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No próximo dia 13 de março, pelas 14h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC, Mário Cámara e María Angélica Melendi (esta por zoom) conversarão com a artista brasileira Rosângela Rennó, numa sessão com o título ‘Imagem, memória e arquivo’: Rosângela Rennó conversa com María Angélica Melendi e Mario Cámara. A conversa vem a propósito da recente edição (2023), na .br brasiliana, de Buenos Aires, do livro de María Angélica Melendi, Imagen, memoria y archivo en Rosângela Rennó. O evento é uma organização do IEB com a Bienal Ano Zero de Coimbra.

Passamos a apresentar os participantes.

Rosângela Rennó nasceu em Belo Horizonte e vive no Rio de Janeiro.  O seu trabalho sobre fotografias, objetos e instalações caracteriza-se pela investigação de diferentes políticas de representação/absorção fotográfica e das relações entre memória e esquecimento, através da apropriação de imagens de diversas fontes. Arquivos fotográficos precários, abandonados e até mesmo ‘arquivos mortos’, levaram-na a empenhar-se no esclarecimento e no combate às recorrentes narrativas de apagamento e de ‘ignorância estrutural’, utilizadas como estratégia de amnésia histórica e exclusão de grande parte da população, especialmente no Brasil e nos países do Sul Global. Dedica-se também à criação de vídeos e livros de artista, sempre na mesma base concetual.

Além de participação em inúmeras exposições coletivas, realizou exposições individuais em instituições, tais como: Mécanique Générale (Les Recontres de la Photographie, Arles, 2023), Estação Pinacoteca (São Paulo, 2021), Museum Für Angewandte Kunst Köln MAKK, (Cologne, 2021), Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, 2017/2018), Photographers’ Gallery (Londres, 2016), Centro Atlântico de Arte Moderno CAAM (Las Palmas, 2014), FotoMuseum (Winterthur, 2012), Centro de Arte Moderna CAM – Fundação Gulbenkian (Lisboa, 2012), Centro de Fotografía CdF (Montevidéu, 2011), Pharos Center for Contemporary Art (Nicosia, 2009), Prefix Institute Contemporary Art (Toronto, 2008), Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães MAMAM (Recife, 2006), Centro Cultural Banco do Brasil CCBB (Rio de Janeiro, 2003), Museum of Contemporary Art MOCA (Los Angeles, 1996), De Appel Foundation (Amsterdã, 1995).

Recebeu os prémios: Women in Motion Kering  & Les Rencontres d’ARLES Photographie, (Arles, 2023). CIFO Grants & Commissions Program (Cisneros Fontanals Art Foundation, Miami, 2014). Photobook of the year (Paris Photo – Aperture Foundation Photobook award, 2013). Historical Book Award (Les Rencontres d’Arles, 2013). 1o ALICE AwardsArtistic Landmarks in the Contemporary Experience (Global Board of Contemporary Art, 2012). Prêmio Jabuti (Câmara Brasileira do Livro, São Paulo, 2004). 13o  International Festival of Electronic Art (VideoBrasil, São Paulo, 2001). Bolsa Guggenheim (John Simon Guggenheim Memorial Foundation, New York, 1999). Continue reading

LÁ E AQUI: leitura e conversa com jovens autores brasileiros

No próximo dia 29 de fevereiro, pelas 14h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros, terá lugar a primeira sessão da iniciativa Lá e Aqui: leitura e conversa com jovens autores brasileiros. Nesta sessão estarão presentes Frederico Klumb (Rio de Janeiro, 1990) e Sylvia Damiani (São Paulo, 1991).

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Frederico Klumb é escritor e pesquisador. Possui graduação em Cinema pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e mestrado em Teoria da Literatura pela Universidade Federal Fluminense, onde atualmente é doutorando em Literatura Comparada. Publicou poemas e contos em revistas brasileiras e estrangeiras, como Modo de Usar & Co, Peixe-Boi e Granta, e os livros Cinema Circular (poesia; 7Letras; 2018), Bichos contra a vontade (poesia; 7Letras; 2019) e Rua Maravilha Tristeza (conto; Jabuticaba; 2022). Encontra-se neste momento em Coimbra em doutoramento sanduíche junto do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura.

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Sylvia Damiani é escritora e italianista. Graduou-se em Letras pela FFLCH-USP, publicou Atlas (7Letras, 2022) e a plaquete Adultos não amam (Caixa Editora, 2017). Integra algumas antologias e revistas literárias. Atualmente vive em Coimbra.

Para a sessão, ambos os autores levarão poemas ou textos de outros poetas e ficcionistas de que gostam, ou que foram importantes na escrita dos seus livros. A cada rodada, lerão um desses poemas e textos alheios e mais dois seus (ou excertos). Seguir-se-á conversa com a assistência.

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NABIL ARAÚJO no IEB

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Nabil Araújo, professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fará uma conferência no IEB, no próximo dia 5 de dezembro de 2023, pelas 11h.

O Professor Nabil Araújo é doutor em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Professor de Teoria da Literatura na graduação e na pós-graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Pesquisador visitante na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pesquisador bolsista do Programa Jovem Cientista do Nosso Estado (JCNE-FAPERJ) e do Prociência (UERJ). Líder do grupo de pesquisa interinstitucional “Retorno à Poética” (CNPq). Editor Associado de Matraga – Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ (PPGL-UERJ). Membro do conselho editorial da Editora da UERJ (EdUERJ). Coordenador do conselho editorial da “Coleção Letras UERJ” (EDUERJ). Coordenador da área de Estudos da Literatura do PPGL-UERJ. É autor de Além do paradigma (Sobre o legado de Thomas Kuhn) (EDUERJ, 2022), Teoria da Literatura e História da Crítica: momentos decisivos (EDUERJ, 2020) e O evento comparatista: da morte da literatura comparada ao nascimento da crítica(EDUEL, 2019).

A conferência de Nabil Araújo no IEB tem como título “Nacional por Tradução” e o seu resumo é o seguinte:

Num ensaio hoje clássico, Roberto Schwarz (1986), partindo da “experiência do caráter postiço, inautêntico, imitado da vida cultural que levamos” (brasileiros e latino-americanos) – experiência sintetizada na fórmula das “ideias fora do lugar” –, demarcou-se tanto dos “nacionalismos de esquerda e direita” e sua “busca de um fundo nacional genuíno […] através da eliminação do que não é nativo” (o “nacional por subtração”), quanto de “certa filosofia francesa recente” na esteira da qual críticos como Silviano Santiago e Haroldo de Campos buscaram inverter o lugar-comum segundo o qual “a cópia é secundária em relação ao original”, oferecendo “uma interpretação triunfalista do nosso atraso” análoga à intentada pelo programa antropofágico na década de 1920: “[d]e atrasados passaríamos a adiantados, de desvio a paradigma, de inferiores a superiores”. Três décadas mais tarde, João Adolfo Hansen (2016), assumindo uma “perspectiva internacionalista” que descarta a um só tempo o problema das “ideias fora do lugar” bem como a resposta nacionalista ao mesmo, irá defender, com base em Abel Barros Baptista, a “ideia da literatura como hospitalidade incondicional e tradução”. Nesse movimento, Hansen endossa inadvertidamente a concepção universalista de Weltliteratur postulada no século XIX por Goethe – a qual “se referia ao que é genericamente humano e comum a todos os homens” –, ignorando as profundas desigualdades reconhecidas por Franco Moretti (2001) no “sistema-mundo literário”. O problema reside na falsa equivalência sugerida por Hansen entre “hospitalidade incondicional” e “tradução”: voltando às proposições de Baptista (2005; 2014), mostraremos que a tradução se impõe, na verdade, justamente porque a hospitalidade incondicional no que se refere à literatura não passa de uma “utopia”, e que a heterogeneidade linguística que reclama a tradução como performance constitutiva do idioma é justamente o que permite que se recoloque em nova chave o problema do nacional(ismo) no campo estético-literário: nacional por tradução.

Referências: BAPTISTA, Abel Barros. O livro agreste: ensaio de curso de literatura brasileira. Campinas: Ed. da Unicamp, 2005. BAPTISTA, Abel Barros. Três emendas: ensaios machadianos de propósito cosmopolita. Campinas: Ed. da Unicamp, 2014. HANSEN, João Adolfo. Lugar do cânone e da crítica nos estudos literários da universidade hoje. In: LOPES, Dayana M. et al. (Org.) VI Seminário dos alunos da Pós-Graduação da UERJ. Rio de Janeiro: Letras e Versos, 2016. p. 7-38. MORETTI, Franco. Conjecturas sobre a literatura mundial. In: SADER, Emir (Org.). Contracorrente: o melhor da New Left Review em 2000. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 45-64. SCHWARZ, Roberto. Nacional por subtração (1986). In: ______. Que horas são? São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 29-48.

Serão atribuídos certificados de participação.

Ana Cristina César por Annita Costa Malufe

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Recordamos que nos próximos dias 8 e 9 de novembro, a Professora Annita Costa Malufe, da PUC de São Paulo e da Universidade de Salamanca, lecionará no IEB um curso breve sobre Ana Cristina César com o título “Ana C.: escrita em performance”. As sessões decorrerão entre as 14h e as 17h. Serão atribuídos certificados de presença.

O cartaz do evento é de Thales Estefani.

Annita Costa Malufe no IEB

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A Professora Annita Costa Malufe, da Universidade de Salamanca, lecionará nos próximos dias 8 e 9 de novembro, um curso breve sobre Ana Cristina Cesar na sala do Instituto de Estudos Brasileiros com o título “Ana C.: escrita em performance”. As sessões decorrerão entre as 14h e as 17h.

Eis o resumo do curso:

A poeta carioca Ana Cristina Cesar (1952-1983) dizia que a voz confessional de seus poemas era uma provocação intencional com o leitor, em seu desejo de descobrir na obra os segredos pessoais do autor. Desconstruindo a identificação romântica entre o poeta e o poema, Ana C. criou uma poesia crítica e complexa, composta por fragmentos e ironia. Lançou mão de colagens, intertextualidades, diálogos. Uma poesia antes de tudo performática, que coloca o corpo do texto em cena e em relação direta com o leitor. Essas interlocuções (com o leitor e com outros autores e textos da literatura) caracterizam uma poesia singular, que se quer ato e efeito corporal; um escrito que se quer corpo, sensível e provocador. Cabe-nos escutar essa voz singular e nos questionar acerca do tipo de performance que aí se cria: uma performance do próprio texto, em um desfazimento das camadas subjetivas ou pessoais que, não raro, colonizam a força artística restringindo-a a um affair privado e com apelo comercial.

Deixamos uma apresentação da Professora Annita Costa Malufe, também um nome conhecido da atual poesia brasileira:

Investigadora Distinguida na Universidad de Salamanca (Contrato María Zambrano), junto ao Grupo de Investigación Reconocido Estudios Portugueses y Brasileños. No Brasil, é pesquisadora do CNPq e docente do Programa de Estudos Pós-Graduados em Literatura e Crítica Literária da PUC-SP. É investigadora colaboradora do ILCML (Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa da Universidade do Porto). Doutora em Teoria e História Literária pela UNICAMP, é autora dos livros de ensaios: Territórios dispersos: a poética de Ana Cristina Cesar (2006) e Poéticas da imanência: Ana Cristina Cesar e Marcos Siscar (2011), ambos com financiamento FAPESP. Realizou duas pesquisas de pós-doutoramento: na USP, “Traços de Beckett na literatura contemporânea” (bolsa CNPq), supervisionada por Fabio de Souza Andrade; e na PUC-SP, sob supervisão de Peter Pál Pelbart, “Procedimentos literários em Gilles Deleuze” (bolsa FAPESP). É autora de sete livros de poemas, dentre os quais: Alguém que dorme na plateia vazia (7letras, 2021) e Como se caísse devagar (Ed. 34/ Petrobrás, 2008).

Serão atribuídos certificados de presença.

Apresentação de SAUDADES DO MUNDO, de Eduardo Sterzi, no IEB

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No próximo dia 19 de junho, pelas 14h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC, terá lugar a apresentação pública de Saudades do Mundo, livro de Eduardo Sterzi com o subtítulo “Notícias da Antropofagia”. Saudades do Mundo reúne os ensaios que o autor dedicou, ao longo de uma década, a Oswald de Andrade e à “grande questão” da antropofagia na cultura brasileira. O livro será apresentado pelo autor, após o que se passará ao debate.

Eduardo Sterzi (Porto Alegre, Brasil, 1973) é professor de Teoria Literária na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, Brasil) e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Publicou, entre outros, Por que ler Dante e A prova dos nove: alguma poesia moderna e a tarefa da alegria. É autor também dos livros de poesia Prosa, Aleijão e Maus poemas e das peças teatrais reunidas em Cavalo sopa martelo. Como curador, participou das equipes responsáveis pelas exposições Variações do corpo selvagem: Eduardo Viveiros de Castro, fotógrafo (Sesc Ipiranga e Sesc Araraquara, no Brasil; Weltkulturenmuseum, na Alemanha; e Centro Internacional das Artes José de Guimarães, em Portugal), Caixa-preta (Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre) e Desvairar 22 (Sesc Pinheiros, São Paulo).

Serão atribuídos certificados de presença.

A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL: programa

Publicamos hoje o programa do colóquio A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL, Colóquio Internacional, a ter lugar a 6 e 7 de junho próximos, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC.

Terça-feira, 6 de junho de 2023

9:30: ABERTURA

10:00: Fabio Akcelrud Durão: “Três Ideias sobre a Teoria Literária no Brasil”

10:40: Matheus de Brito: “Formação da Literatura Brasileira numa outra chave”

11:40: Pausa para café

12:00: Marcos Natali: “Poética e erótica da discórdia na teoria literária brasileira”

13:15: Almoço

15:00: Nabil Araújo: “A questão da teoria/A teoria em questão (Diálogos com Luiz Costa Lima)”

15:40: Osvaldo Manuel Silvestre: “Teoria, filosofia ou subprodutos? Uma indagação metateórica da obra de Luiz Costa Lima”

16:40: Pausa para café

17:00: Alva Martínez Teixeiro: “A importância da palavra do meio: Arte e Literatura no Brasil” Continue reading

A Queda do Céu: o IEB no Dia Aberto da FLUC

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No próximo dia 19 de abril, a FLUC comemora o seu Dia Aberto. Explorando a coincidência de esse dia ser no Brasil o Dia dos Povos Indígenas, o IEB assinala a data abrindo a sua sala para um evento que durará todo o dia e que terá o título geral A Queda do Céu, remetendo para o livro de Bruce Albert e Davi Kopenawa, que será exposto na mesa grande do IEB, podendo ser consultado pelos visitantes. Além disso, por generosa cedência da galeria Vermelho, galeria da fotógrafa Claudia Andujar, que fez ao longo de décadas fotos dos Yanomami, serão expostas algumas das suas fotos mais emblemáticas, bem como palavras, frases e textos em tupi, acompanhadas da sua tradução para português.

Serão ainda exibidos dois filmes, seguidos de debate:

Índio cidadão? (2014) – de Rodrigo Siqueira, 52 min (início às 10h30m)

Sinopse: O filme apresenta um resgate histórico audiovisual da participação do movimento indígena na Assembleia Nacional Constituinte (1987-88) e entrevistas com memórias dos coordenadores da União das Nações Indígenas – Ailton Krenak e Álvaro Tukano – e de lideranças que participaram ativante dessa mobilização como Davi Kopenawa, Mario Juruna, Moura Tukano, Paulo Paiakan, Pirakumã Yawalapiti e Raoni Metuktire. O momento marcante deste processo é a intervenção de Ailton Krenak no Plenário em defesa da emenda popular com a proposta de capítulo dos direitos dos Povos Indígenas.

A última floresta (2021) – de Luiz Bolognesi, 76 min (início às 14h)

Sinopse: O xamã Davi Kopenawa Yanomani tenta manter vivos os espíritos da floresta e as tradições, enquanto a chegada de garimpeiros traz morte e doenças para a comunidade, que fica localizada em um território Yanomani, isolado na Amazônia. Os jovens, contudo, ficam encantados com os bens trazidos pelos brancos.

Além desta programação serão ao longo do dia ouvidas músicas e canções de algum modo relacionadas com os povos indígenas brasileiros.

O Instituto de Estudos Brasileiros terá muito gosto em contar com a sua visita.

A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL: texto de referência

O texto de referência do colóquio A Teoria da Literatura no Brasil, a ter lugar na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC a 6 e 7 de junho próximos, será o seguinte:

A introdução da disciplina da Teoria da Literatura no Brasil remonta, como é sabido, à década de 1950, quando Afrânio Coutinho, ex-aluno de René Wellek, propôs a sua criação na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade do Estado de Guanabara, depois designada Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Entendida então como disciplina propedêutica ao estudo da “Ciência da Literatura”, tal conceção viria a conflituar com outra, que passou a dominar a disciplina ao longo dos anos 60 e 70, anos da sua expansão curricular, para a qual a Teoria da Literatura seria antes, nas palavras de Luiz Costa Lima em 1975, a “suma dos estudos literários”, conceção que viria a coincidir com o apogeu do estruturalismo na universidade brasileira. O triunfo desta segunda conceção, que se prolonga pela década de 80, acusará, contudo, desde cedo, um processo de desagregação induzido pelas várias correntes pós-estruturalistas, sendo a mais vincada a Desconstrução, a que se seguirão os efeitos (des)concertados do Feminismo e dos Queer Studies, bem como dos Estudos Culturais, culminando quer nas querelas identitárias em torno do cânone, quer na desvalorização do capital cultural da literatura.

Este processo viveu no Brasil paredes meias com formas de pensamento teórico que, provenientes de outras áreas do estudo da literatura – em particular, a orientação sociológica do trabalho de Antonio Candido, com as noções de “sistema”, na Formação da Literatura Brasileira, e de “estrutura”, posteriormente – neutralizaram sem problemas aparentes o conflito novecentista entre Teoria e História da Literatura, o que permitiu relançar, por mais algumas décadas, as condições de possibilidade da narração da História da Literatura Brasileira, muitas vezes em versão comparatista. Continue reading

A TEORIA DA LITERATURA NO BRASIL: colóquio internacional

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Nos próximos dias 6 e 7 de junho terá lugar na sala do Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC um colóquio internacional com o título A Teoria da Literatura no Brasil. O colóquio reunirá os seguintes especialistas:

Brasil
Emilio Maciel (UFOP)
Fabio Akcelrud Durão (UNICAMP)
João Cézar de Castro Rocha (UERJ)
Marcos Natali (USP)
Matheus de Brito (UERJ)
Nabil Araújo (UERJ)

EUA
André Corrêa de Sá (UCSB)

Espanha
Pedro Serra (USAL)

Portugal
Alva Martinez Teixeiro (UL)
Carlos Reis (UC)
Joana Matos Frias (UL)
Osvaldo Manuel Silvestre (UC)
Ricardo Namora (CLP)

O colóquio é uma iniciativa conjunta do Instituto de Estudos Brasileiros e do Centro de Literatura Portuguesa (CLP), com apoio ainda da Fundação Eng.º António de Almeida, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), do Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos (CIEC) e do DLLC.

O volume 14 (2024) da Revista de Estudos Literários, do CLP, organizado por Osvaldo Manuel Silvestre (UC) e Diego Giménez (CLP), será dedicado ao tema do colóquio, podendo a Chamada para Artigos ser lida aqui.

O cartaz do evento é de Thales Estefani.

O IMAGINÁRIO MESTIÇO na Literatura Brasileira: curso breve por Talles Faria

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Nos próximos dias 12 e 13 de abril Talles Faria dará um curso breve no Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC sobre o tema da mestiçagem na literatura brasileira. Talles Faria é Doutor em Modernidades Comparadas: Literaturas, Artes e Culturas pela Universidade do Minho, com uma tese intitulada “O Sertão e a Montanha: Imagens de Minas Gerais entre os séculos XVIII e XX”, e mestre em Estudos Literários e graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atua nas áreas de literatura brasileira, teoria da literatura e filosofia.

A descrição do curso é a seguinte:

O curso abordará a presença de um imaginário mestiço na literatura brasileira, com base na literatura produzida a partir do estado de Minas Gerais, a partir dos elementos e dos seres fantásticos, folclóricos, sobrenaturais e mitológicos convocados pelos textos de Cláudio Manuel da Costa, Bernardo Guimarães, Afonso Arinos, Cornélio Penna e João Guimarães Rosa.

O curso decorrerá na sala do IEB, a 12 e 13 de abril, entre as 16h-19h. Serão atribuídos certificados de presença.

Régis Bonvicino na FLUC

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Régis Bonvicino, importante poeta brasileiro, estará amanhã na FLUC para uma sessão sobre o seu novo livro, A Nova Utopia. A obra de Bonvicino foi reunida em 2010 no volume Até Agora, que colige a sua produção entre 1975 e 2006. Após essa reunião, o poeta editou Estado Crítico, em 2013, e, em 2020, Deus devolve o revólver, libreto editado ao mesmo tempo que o álbum produzido por Rodrigo Dário, músico e designer, no qual Bonvicino diz poemas acompanhado por uma barragem sonora que configura uma experiência definida por Alcir Pécora, no seu prefácio, como “poesia eletrónica heavy” (o álbum pode ser ouvido no YouTube e noutras plataformas). O livreto integra agora A Nova Utopia.

Régis Bonvicino dirige também, há vários anos, uma importante revista de poesia online, a Revista de Poesia e Crítica Literária Sibila. Tudo isto são razões mais que suficientes para os interessados na poesia brasileira contemporânea se deslocarem amanhã, pelas 15h, ao Anfiteatro III da FLUC, no 4º piso.

IluEstrada. Um itinerário com ilustradores brasileiros

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Na semana de 21 a 25 de novembro terá lugar na FLUC a IluEstrada. Um itinerário com ilustradores brasileiros. A iniciativa, uma proposta de Thales Estefani para o Instituto de Estudos Brasileiros da FLUC, inclui uma exposição, pelo espaço de uma semana, do trabalho de seis ilustradores/as brasileiros/as residentes em Portugal no átrio do Teatro Paulo Quintela. Eis o texto de referência do evento:

A palavra escrita e a imagem pictórica nunca estiveram desassociadas; desde a origem das letras do alfabeto – por processos de simplificação de pequenos desenhos –, passando por manuscritos antigos repletos de iluminuras, aos livros ilustrados – infantis ou não – que estabeleceram diferentes relações multimodais através de técnicas desenvolvidas por artistas, designers e editores.

A ilustração brasileira é mundialmente reconhecida e apreciada. O Brasil já foi homenageado duas vezes na Feira do Livro Infantil e Juvenil de Bolonha, o evento mais importante do género no mundo, e muitos(as) ilustradores(as) brasileiros(as) já venceram diversos prémios internacionais. Mas as obras artísticas não viajam pelas várias partes do globo sozinhas.

O objetivo do IluEstrada é criar um caminho, um percurso para o encontro, entre ilustradores/as brasileiros/as e o Instituto de Estudos Brasileiros da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. É uma via de acesso que convida a todos/as os/as que quiserem nos acompanhar para compartilhar experiências e compreender melhor os processos de conceção e técnicas de realização de livros ilustrados – e não só.

A partir da metáfora de uma “BR” que cruza o Atlântico, trazemos a Coimbra artistas que compartilharão suas trajetórias, suas carreiras – em toda a polissemia das palavras –, contribuindo para fortalecer a presença das obras ilustradas no contexto da FLUC e difundir a sua importância à comunidade em geral.

No dia 25 os/as ilustradores/as em causa estarão presentes na sala do Instituto de Estudos Brasileiros para duas mesas-redondas:

10.45: Mesa-Redonda sobre “Ilustração e Literatura Infantojuvenil”.
Ilustradores: Alexandre Rampazo, Carlo Giovani e Yara Kono
Moderação: Jaqueline Conte

15.00: Mesa-Redonda sobre “Ilustração e Desdobramentos”.
Ilustradores: Renata Bueno, Najla Leroy e Evandro Renan
Moderação: Thales Estefani

A jornada abrirá com uma visita guiada pela exposição, entre as 10.00 e as 10.40.

Como se disse acima, a Iluestrada é uma proposta de Thales Estefani, estudante do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura, responsável por toda a conceção do evento e autor também do cartaz.

O evento será presencial e serão distribuídos certificados de presença.

O Grafatório e Fernando Pessoa: uma apresentação

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Com sede em Londrina, Paraná, o Grafatório é, como se pode ler no seu site, “uma associação cultural sem fins lucrativos, baseada em Londrina. O coletivo reúne pesquisadores, designers, artistas visuais e outros profissionais ou amadores que se interessam pelo abrangente universo das artes gráficas.” O catálogo do Grafatório, no qual é difícil indicar um livro ou objeto não colecionável, mostra bem o propósito de dar um passo atrás em relação ao devir digital das artes gráficas, recuperando segmentos importantes da tradição da tipografia a chumbo, para dar dois passos em frente, no sentido de uma tipografia pós-digital.

O último título do Grafatório, uma edição de Diego Giménez, é um volume de Fernando Pessoa com o título Escrever é Esquecer, razão pela qual o IEB acolherá no próximo dia 2 de novembro, pelas 16h, na sua sala, uma sessão na qual quer esta mais recente publicação, quer o trabalho do Grafatório, serão objeto de apresentação e debate. Pelo Grafatório estará presente Felipe Melhado, que descreverá o processo de produção do Grafatório e do volume de Fernando Pessoa. A sessão contará também com a presença de Diego Giménez.

A sessão será presencial e serão atribuídos certificados de presença a quem os solicitar.

O cartaz da sessão é de Thales Estefani.

Salloma Salomão no IEB

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Amanhã, terça-feira (18 de outubro), pelas 19h, o IEB recebe a conferência “O Teatro Experimental do Negro”, por Salloma Salomão. A conferência abordará a trajetória do Teatro do Negro e de Abdias do Nascimento a partir da relação com a atividade artística do próprio Salloma, tendo em vista o contexto brasileiro.A sessão integra a Mostra São Palco 2022 Teatro Brasileiro em Portugal, uma amostra das
vias de criação teatral contemporânea brasileira.

Salloma Salomão Jovino da Silva é músico, performer, Doutor em História (PUC-SP) e
Pesquisador associado ao Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. É consultor
da Secretaria de Educação do Município de São Paulo e tem como especialidades temas como
cultura musical, lutas pela liberdade, práticas culturais negras no século XIX e XX, identidades
étnicas e movimentos negros urbanos, sociabilidades negras em São Paulo e musicalidades
africanas. Dos trabalhos recentes, destacam-se Agosto na Cidade Murada (2018) e a trilha
sonora do filme Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, selecionado para o Festival
de cinema de Berlim e premiado no Festival de Cinema de Gramado em 2020.

A sessão será presencial.

IEBOM: o que é bom sempre começa

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Com periodicidade espaçada, mas regular, passará a ter lugar na sala do IEB, sempre a uma terça-feira entre as 13.30 e as 14.00, uma iniciativa intitulada IEBOM [ler E é bom!]. A iniciativa visa apresentar brevemente um aspeto da história, da cultura  e da literatura brasileira, em ambiente informal, enquanto se toma um cafezinho e se come um bolinho.

A primeira realização, a cargo de Elizama Almeida de Oliveira, estudante do programa de doutoramento em Materialidades da Literatura, visa apresentar algumas das fotos que integram o corpus fotográfico realizado por Marcel Gautherot na construção de Brasília. Segue-se o resumo da atividade:

IEBOM falar sobre Brasília

As fotos de Marcel Gautherot, feitas na década de 1950, mostram a construção da capital do Brasil, que hoje abriga a política e suas tensões. Projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, os edifícios curvilíneos foram erguidos no coração do país pelas mãos de trabalhadores conhecidos como candangos.

Sob a guarda do Instituto Moreira Salles (RJ), a série fotográfica feita por Gautherot capta o nascimento de Brasília e será comentada por Elizama Almeida, no dia 11 de outubro, às 13h30.

A fala abre a série IEBOM.

Mais informações sobre Marcel Gautherot:
https://ims.com.br/2017/06/01/sobre-marcel-gautherot/

O cartaz é de Thales Estefani.

É isso aí, gente: apareçam!

Grace dos Anjos no IEB

Grace dos Anjos, Professora de Língua e Literatura Latina da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), fará no próximo dia 4 de outubro, pelas 18h, na sala do Instituto de Estudos Brasileiros, uma conferência intitulada “Foi vendido o peixe, e acastanha, q remetti a elles: sobre a perspectivação passiva do acontecer verbal em cartas comerciais manuscritas do século XIX”.

A Professora Grace dos Anjos leciona na UFAM, em nível de graduação e pós-graduação, disciplinas pertinentes à Variação Linguística, à Linguística Histórica do Português, ao Latim Clássico e à Literatura Latina. É coordenadora do Projeto de Pesquisa ‘Cartas dos séculos XIX e XX: organização de um corpus diacrónico do português registrado no Amazonas no período áureo da borracha’ e membro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFAM. É Doutora em Letras pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Eis o resumo da conferência::

Para tratar do afrouxamento da concordância verbal (Fizeram-se as ultimas transações /não se sabe bem os motivos) em contexto de passivas sintéticas, considero 867 (oitocentas e sessenta e sete) correspondências trocadas entre os Araújo (família portuguesa, proprietária da maior empresa de aviamento dos tempos áureos da borracha) e os que viviam no interior amazônico ao longo dos anos de 1880 a 1889. De abordagem sociofuncionalista, meus estudos apontam, a exemplo do que propõe Carvalho (1990, p. 90), que, em razão da falta de clareza da passiva sintética, “em seu lugar, reina soberana, nas línguas românicas, a passiva analítica”.

A conferência será presencial. Serão atribuídos certificados de presença.

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